Medronheiros da Charneca

História do “Medronho da Charneca”

 

Foi sempre um desejo da família regressar ao passado e à vida de camponês, em contato com a natureza, o meio rural as artes e ofícios mais simples e ancestrais da vida campesina.

 

O Algarve, pelo seu laço familiar, clima e atmosfera singulares, foi o berço escolhido para esse renascimento e as origens da matriarca da família muito contribuíram para este desfecho e este realizar de um sonho em permanente mudança.

 

 

Os muitos encontros e desencontros casuais nos cafés e festividades populares muito contribuíram para este percurso. Neles, constroem-se e desmistificam-se os mistérios da natureza, conhecem-se a fauna e flora locais, partilham-se os segredos da agricultura, aprende-se a língua dos animais e das plantas e os críticos da arte que arde, elegem a melhor água que permite que o primeiro trago, não fique indiferente ao sabor e à espiritualidade.

 

 

Do desconhecido partimos para a aprendizagem dos vários ciclos da “Cultura” do Medronho, todos eles de importância primordial, a saber:

 

  • A Apanha, na qual se lançam, de madrugada, os “caçadores” rumo à árvore mais promissora;

 

 

 

  • A Fermentação, processo de faustoso rigor, que exige do destilador um vasto conhecimento popular;

 

 

 

  • A Destila, o momento mais sublime e majestoso de todo o ritual, “religioso”, no qual as gentes da estila e seus ilustres convidados aguardam impacientemente pela Héstia (deusa do Fogo) – A Aguardente de Medronho;

 

 

 

 

  • Por último, e não menos importante surge o Degustação da Pinguínha, que se bebe de uma só vez ou aos curtos golinhos num cálice cristalino e mitológico, entre desamizades e amizades, antes ou depois das refeições e nunca antes de dirigir.

 

 

 

 

Deste modo criámos o "Medronho da Charneca", projeto nascido na Quinta Estrela do Mar, localizada no Monte da Charneca, pequena localidade da freguesia de Barão de São João (cujo orago é São João Batista, tendo sido criada pelo Decreto-Lei n.º 22:483, de 2 de Maio de 1933 e tendo registos de ocupação humana na área muito antigos, sendo um testemunho desta ocupação o Menir da Pedra Branca, integrado no período neocalcolítico. Os registos mais antigos da localidade da Barão de São João pertencem à transição do século XVI para o XVII), concelho de Lagos, pretendendo tornar-se numa entretenha e num passatempo familiar, de produção e comércio de produtos derivados do Medronheiro.

 

 

 

 

Medronheiro
Arbutus Unedo

 

Arbutus unedo, o medronheiro, é uma espécie de pequenas árvores pertencentes ao género Arbustus da família das Ericales. Com distribuição natural na Bacia do Mediterrânio e costa atlântica da Europa Ocidental, muito resistente ao fogo, ocorre em zonas de solos siliciosos pobres e de elevado declive, sendo uma das mais importantes espécies das charnecas ibéricas.

 

O nome comum da espécie, «medronheiro», deriva do nome comum do seu fruto, o «medronho». Este nome, tal como o seu congénere castelhano «madroño», aparecem atestados pelo menos desde 1330, e derivam do moçárabe matrúnyu registado desde o final do século X. Aquele termo é provavelmente derivado do termo ibero pré-romano motŏrŏnĕu, aparentado com o vocábulo morŏtŏnu, que designa morango e mirtilo em leonês.

 

Em português o medronheiro é também conhecido como meródio, ervedeiro, êrvedo ou êrvodo.

 

 

 

 

O seu fruto é o medronho, utilizado na produção de aguardentes e licores.
Em Portugal, ocorre em todo o país, mas com maior concentração nas serras do Caldeirão e Monchique (Algarve).

 

Descrição:

 

O medronheiro tem normalmente um crescimento do tipo arbustivo até uma altura de aproximadamente 5 metros com ramos eretos, que brotam do tronco a partir de 0,50 metros do solo e que são também bastante espaçados entre si.

O seu tronco é avermelhado, mais ou menos coberto por longas escamas acinzentadas, com ramos eretos de ritidoma acinzentado e remetas abundantemente folhosas, castanho-avermelhadas, muitas vezes glandulosas.

A copa do medronheiro é arredondada com folhas persistentes de formato elíptico lanceoladas, com 8 por 3 cm, lauroides, serradas ou serrilhadas, de coloração verde brilhante na face superior, fosca na face inferior, com pecíolo até 7– 8 mm de comprimento. que assumem uma coloração verde-escura semelhante à do sobreiro, e também possuem um brilho ceroso na face superior.

 

As flores desta árvore da cor branca ou levemente rosadas são muito decorativas. Logo, ela é considerada uma planta ornamental. Além disso, o medronheiro produz frutos comestíveis, bastante apreciados sobretudo no sul de Portugal, onde são usados na produção de licores e aguardentes destiladas do tipo licor de medronho. Os frutos são esféricos e carnudos, com sementes, revestidos de numerosas saliências piramidal, têm entre 15–40 mm de comprimento, uma baga globosa, tuberculado, vermelho quando maduro, com 5 lóculos polispérmicos. As sementes são pequenas, cinzentas e angulosas.

 

Tolera bem o calcário e prefere locais quentes, ensolarados ou sombrio.

 

São plantas difíceis de transplantar, pelo que se recomenda o seu cultivo por sementes, as quais são recolhidas entre setembro e dezembro. A espécie, especialmente as plantas jovens, é muito sensível à geada.

 

Distribuição e habitat:

A espécie tem distribuição natural em ambas as margens do Mediterrânio, desde o Estreito de Gibraltar até ao Médio Oriente, na Península Ibérica e nas regiões costeiras atlânticas da Europa Ocidental, pelo oeste da França até ao sudoeste da Irlanda, nas costas turcas do Mar Negro e nas regiões insulares do Mediterrânio. A espécie é também considerada nativa em alguns locais da Crimeia e da região costeira da Ucrânia.

 

 

 

 

Utilização

 

  • Comestível como Fruto: O uso comestível dos seus frutos talvez seja o mais conhecido. Os frutos um pouco insípidos, mas doces, são adequados para comer crus, mas também para cozinhar em múltiplos derivados, desde compotas, geleias e conservas de medronho, aguardente e licores;

 

 

 

 

  • Aguardente de Medronho: Em Portugal, o fruto fermentado é destilado num licor claro, a aguardente de medronho, uma aguardente forte típica das regiões do Centro, Alentejo e Algarve. A aguardente de medronho é o ex-libris dos destilados do Algarve. Tudo indica que esta aguardente começou a ser produzida de forma artesanal, para fins medicinais, pelos árabes em Monchique, por volta do século X;

 

 

 

  • Melosa: Licor concebido exclusivamente com aguardente de medronho e mel, muito elegante e equilibrado, entre o amargo e o doce, bebida sedosa, com um trago de limão;

 

 

 

  • Mel de Medronho: Das flores é extraído o pólen para o mel de medronho, característico das serras do Alentejo e do Algarve, é um mel muito específico devido ao seu sabor amargo, que lembra o café. De cristalização rápida, apresenta cor castanho-escura:

 

 

 

  • Medicinal (Infusões): O medronheiro teve um lugar importante na medicina tradicional da Bacia do mediterrânio e continua a ter usos farmacológicos nas medicinas Alternativas, sendo muito usada nas infusões. Os princípios ativos conhecidos são a arbustina, os taninos e o ácido gálio. A casca do medronheiro contém a andromedotaxina, pelo que é utilizada em medicina natural como diurético, adstringente e antisséptico urinário e renal.

 

 

 

  • Planta Ornamental: Como planta Ornamental a espécie é utilizada em jardinagem e paisagismo como arbusto ou árvore ornamental. A cor das suas bagas amarelas, laranjas e vermelhas torna-a uma árvore valorizada;

 

 

 

  • Madeira: A madeira é pesada, dura, forte, de grão fino, elástica e fácil de ser trabalhada, sendo usada em cabos de ferramentas e postes. Quando usada como lenha, é um excelente combustível com alto valor calórico;