Foi sempre um desejo da família regressar ao passado e à vida de camponês, em contato com a natureza, o meio rural as artes e ofícios mais simples e ancestrais da vida campesina.
O Algarve, pelo seu laço familiar, clima e atmosfera singulares, foi o berço escolhido para esse renascimento e as origens da matriarca da família muito contribuíram para este desfecho e este realizar de um sonho em permanente mudança.
Os muitos encontros e desencontros casuais nos cafés e festividades populares muito contribuíram para este percurso. Neles, constroem-se e desmistificam-se os mistérios da natureza, conhecem-se a fauna e flora locais, partilham-se os segredos da agricultura, aprende-se a língua dos animais e das plantas e os críticos da arte que arde, elegem a melhor água que permite que o primeiro trago, não fique indiferente ao sabor e à espiritualidade.
Do desconhecido partimos para a aprendizagem dos vários ciclos da “Cultura” do Medronho, todos eles de importância primordial, a saber:
Deste modo criámos o "Medronho da Charneca", projeto nascido na Quinta Estrela do Mar, localizada no Monte da Charneca, pequena localidade da freguesia de Barão de São João (cujo orago é São João Batista, tendo sido criada pelo Decreto-Lei n.º 22:483, de 2 de Maio de 1933 e tendo registos de ocupação humana na área muito antigos, sendo um testemunho desta ocupação o Menir da Pedra Branca, integrado no período neocalcolítico. Os registos mais antigos da localidade da Barão de São João pertencem à transição do século XVI para o XVII), concelho de Lagos, pretendendo tornar-se numa entretenha e num passatempo familiar, de produção e comércio de produtos derivados do Medronheiro.
Arbutus unedo, o medronheiro, é uma espécie de pequenas árvores pertencentes ao género Arbustus da família das Ericales. Com distribuição natural na Bacia do Mediterrânio e costa atlântica da Europa Ocidental, muito resistente ao fogo, ocorre em zonas de solos siliciosos pobres e de elevado declive, sendo uma das mais importantes espécies das charnecas ibéricas.
O nome comum da espécie, «medronheiro», deriva do nome comum do seu fruto, o «medronho». Este nome, tal como o seu congénere castelhano «madroño», aparecem atestados pelo menos desde 1330, e derivam do moçárabe matrúnyu registado desde o final do século X. Aquele termo é provavelmente derivado do termo ibero pré-romano motŏrŏnĕu, aparentado com o vocábulo morŏtŏnu, que designa morango e mirtilo em leonês.
Em português o medronheiro é também conhecido como meródio, ervedeiro, êrvedo ou êrvodo.
O seu fruto é o medronho, utilizado
na produção de aguardentes e licores.
Em Portugal, ocorre em todo o país, mas com maior concentração nas
serras do Caldeirão e Monchique (Algarve).
Descrição:
O medronheiro tem normalmente um crescimento do tipo arbustivo até uma altura de aproximadamente 5 metros com ramos eretos, que brotam do tronco a partir de 0,50 metros do solo e que são também bastante espaçados entre si.
O seu tronco é avermelhado, mais ou
menos coberto por longas escamas acinzentadas, com ramos eretos de
ritidoma acinzentado e remetas abundantemente folhosas,
castanho-avermelhadas, muitas vezes glandulosas.
A copa do medronheiro é arredondada com folhas
persistentes de formato elíptico lanceoladas, com 8 por 3 cm,
lauroides, serradas ou serrilhadas, de coloração verde brilhante na
face superior, fosca na face inferior, com pecíolo até 7– 8 mm de
comprimento. que assumem uma coloração verde-escura semelhante à do
sobreiro, e também possuem um brilho ceroso na face superior.
As flores desta árvore da cor branca ou levemente rosadas são muito decorativas. Logo, ela é considerada uma planta ornamental. Além disso, o medronheiro produz frutos comestíveis, bastante apreciados sobretudo no sul de Portugal, onde são usados na produção de licores e aguardentes destiladas do tipo licor de medronho. Os frutos são esféricos e carnudos, com sementes, revestidos de numerosas saliências piramidal, têm entre 15–40 mm de comprimento, uma baga globosa, tuberculado, vermelho quando maduro, com 5 lóculos polispérmicos. As sementes são pequenas, cinzentas e angulosas.
Tolera bem o calcário e prefere locais quentes, ensolarados ou sombrio.
São plantas difíceis de transplantar, pelo que se recomenda o seu cultivo por sementes, as quais são recolhidas entre setembro e dezembro. A espécie, especialmente as plantas jovens, é muito sensível à geada.
Distribuição e habitat:
A espécie tem distribuição natural em ambas as margens do
Mediterrânio, desde o Estreito de Gibraltar até ao Médio Oriente, na
Península Ibérica e nas regiões costeiras atlânticas da Europa
Ocidental, pelo oeste da França até ao sudoeste da Irlanda, nas
costas turcas do Mar Negro e nas regiões insulares do Mediterrânio.
A espécie é também considerada nativa em alguns locais da Crimeia e
da região costeira da Ucrânia.